pollyanna on Nostr: meu pai estaria completando 58 anos hoje. ele morreu aos 39 - eu ainda me espanto com ...
meu pai estaria completando 58 anos hoje. ele morreu aos 39 - eu ainda me espanto com isso.
eu sei que quando vivemos juntos eu fui a filha que pude, mas estava sempre tentando consertá-lo de algum jeito. queria ter aprendido a parar de tentar consertar os escritos, as coisas, a vida, as pessoas, a mim mesma, mas aceito e acolho esse impulso que toda hora aparece.
nesse momento de aceitação, encontro a clareza de que eu posso soltar tudo isso e me encontrar com a fluidez da vida que aparece a cada instante de presença. e, nesse instante, abraçar meu pai e quem ele foi sob o meu olhar e abraçar o mistério que também o compunha.
eu posso abraçar o inteiro da vida que segue me espantando com as mortes, mesmo sendo a única certeza que temos - nunca sabemos quando, então tudo bem o espanto também.
eu confesso que dá um pouco de vontade de parecer uma vítima da vida, mas eu sei que pra chorar e sentir de verdade eu preciso estar longe desse papel, então eu deixo ele pra lá. e fico aqui. me despedindo das pollyannas que eu era ou imaginava que seria com cada um que fez sua travessia - e talvez nesse momento eu precise ter coragem de encarar minha inteireza - não auto-suficiência, nada disso. vai ficando cada vez menos espaço para fugir de mim. e eu vou encarando a vida, o meu olhar, tudo o que eu sinto. e eu começo a ser radicalmente eu. a cada instante um convite.
eu sei que quando vivemos juntos eu fui a filha que pude, mas estava sempre tentando consertá-lo de algum jeito. queria ter aprendido a parar de tentar consertar os escritos, as coisas, a vida, as pessoas, a mim mesma, mas aceito e acolho esse impulso que toda hora aparece.
nesse momento de aceitação, encontro a clareza de que eu posso soltar tudo isso e me encontrar com a fluidez da vida que aparece a cada instante de presença. e, nesse instante, abraçar meu pai e quem ele foi sob o meu olhar e abraçar o mistério que também o compunha.
eu posso abraçar o inteiro da vida que segue me espantando com as mortes, mesmo sendo a única certeza que temos - nunca sabemos quando, então tudo bem o espanto também.
eu confesso que dá um pouco de vontade de parecer uma vítima da vida, mas eu sei que pra chorar e sentir de verdade eu preciso estar longe desse papel, então eu deixo ele pra lá. e fico aqui. me despedindo das pollyannas que eu era ou imaginava que seria com cada um que fez sua travessia - e talvez nesse momento eu precise ter coragem de encarar minha inteireza - não auto-suficiência, nada disso. vai ficando cada vez menos espaço para fugir de mim. e eu vou encarando a vida, o meu olhar, tudo o que eu sinto. e eu começo a ser radicalmente eu. a cada instante um convite.