𝚋𝚊𝚝𝚜𝚒𝚚 on Nostr: Foi mais uma leitura, como de costume, entre intervalos no trabalho, entre ônibus & ...
Foi mais uma leitura, como de costume, entre intervalos no trabalho, entre ônibus & trens & metrôs, entre silêncios de conversas banais, mas foi uma leitura em um mês (agosto) atribulado e difícil. Eu, sequelado. Enfim, então: impressões apenas do mais me chamou a atenção:
Uma imagem frequente é a do carro sempre associado a frear, estacionar, parar etc, e o faz em lugares escuros ou ermos ou onde coisas «estranhas» vão acontecer. Há o plano solar duma roadtrip até o México, mas tudo dispersa-se, frustra-se. Abismos por todo lado. Daí o capítulo 17 me parece dos mais emblemáticos sobre a disforia que permeia toda a da novela: a carta do pai à filha única, a menina de olhos caídos. Após um breve relato sobre o bisavô dela («Um grande homem»), que como o avô também «tinha os defeitos de todo grande homem», segue-se um retrato daquele que seria o «oposto deles.», o próprio autor da carta, o «que nunca deu certo em nada, apesar de até levar jeito pra coisa». Depois ele encoraja a filha a um esforço existencial de conhecer-se na compreensão dos outros, («Tu tem que conhecer os outros primeiro, filha, antes de julgar o que seja.»), pois parece (sem saudosismo, é claro) vislumbrar um tempo bem diferente do que já foi, reconhecendo um mundo esfarelado e saturado:
«É muita informação, muita descartabilidade. Ninguém mais para pra olhar uma fotografia e se recordar de como era no tempo em que ela foi tirada e o que aconteceu depois e o porquê daquilo ter acontecido. É uma geração sem memória própria, que prefere confiar nas memórias das máquinas.»
E reverbera numa passagem mais adiante:
«O sol já não é mais o centro de nada faz muito tempo. O homem, então... antes sol, o homem agora se contenta em ser lua. Reflete a luz de uma tela maior que tudo.» (capítulo 22)
Finale:
Maravilhosos nomes de personagens: Büden Bart, Rudie Ruth, um (quase?) cunhado chamado Hermano, Vampiro Mutreta; mas a melhor: a moça chamada «Dente do demônio». Perdi dias da minha vida rindo desse trecho... 😂😂😂
«Metade da garrafa em meia hora, esperando pelo povo na frente do Café. Não demoraram muito mais a chegar (uma gangue e tanto). A tempo de Dente do Demônio dividir o terço que sobrou comigo. Observava atento sua arcada dentária a cada gargalhada que ela espocava, cada estalo de língua após uma golada. Perfeita. Nada de canino protuberante, torto, nem placa a menina tinha. O apelido seguia sendo um mistério.» (Capítulo 18)
Uma imagem frequente é a do carro sempre associado a frear, estacionar, parar etc, e o faz em lugares escuros ou ermos ou onde coisas «estranhas» vão acontecer. Há o plano solar duma roadtrip até o México, mas tudo dispersa-se, frustra-se. Abismos por todo lado. Daí o capítulo 17 me parece dos mais emblemáticos sobre a disforia que permeia toda a da novela: a carta do pai à filha única, a menina de olhos caídos. Após um breve relato sobre o bisavô dela («Um grande homem»), que como o avô também «tinha os defeitos de todo grande homem», segue-se um retrato daquele que seria o «oposto deles.», o próprio autor da carta, o «que nunca deu certo em nada, apesar de até levar jeito pra coisa». Depois ele encoraja a filha a um esforço existencial de conhecer-se na compreensão dos outros, («Tu tem que conhecer os outros primeiro, filha, antes de julgar o que seja.»), pois parece (sem saudosismo, é claro) vislumbrar um tempo bem diferente do que já foi, reconhecendo um mundo esfarelado e saturado:
«É muita informação, muita descartabilidade. Ninguém mais para pra olhar uma fotografia e se recordar de como era no tempo em que ela foi tirada e o que aconteceu depois e o porquê daquilo ter acontecido. É uma geração sem memória própria, que prefere confiar nas memórias das máquinas.»
E reverbera numa passagem mais adiante:
«O sol já não é mais o centro de nada faz muito tempo. O homem, então... antes sol, o homem agora se contenta em ser lua. Reflete a luz de uma tela maior que tudo.» (capítulo 22)
Finale:
Maravilhosos nomes de personagens: Büden Bart, Rudie Ruth, um (quase?) cunhado chamado Hermano, Vampiro Mutreta; mas a melhor: a moça chamada «Dente do demônio». Perdi dias da minha vida rindo desse trecho... 😂😂😂
«Metade da garrafa em meia hora, esperando pelo povo na frente do Café. Não demoraram muito mais a chegar (uma gangue e tanto). A tempo de Dente do Demônio dividir o terço que sobrou comigo. Observava atento sua arcada dentária a cada gargalhada que ela espocava, cada estalo de língua após uma golada. Perfeita. Nada de canino protuberante, torto, nem placa a menina tinha. O apelido seguia sendo um mistério.» (Capítulo 18)