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Dr. Carlos Sidney
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2024-10-25 22:40:39

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Sextou, a vivência pelo prazer e o hedonismo

A busca pelo prazer imediato, característica do hedonismo, é vista com preocupação, pois vai contra a natureza racional e virtuosa do ser humano. O termo popular "sextou", utilizado para celebrar a chegada do fim de semana com um espírito de festa e despreocupação, pode ser compreendido como um reflexo dessa busca desordenada pelo prazer. Embora o lazer e o descanso sejam legítimos e até necessários, a valorização excessiva do prazer e a fuga constante das responsabilidades apontam para uma distorção dos verdadeiros objetivos da vida humana.

O ser humano é orientado naturalmente para a felicidade plena, um bem que não é encontrado nos prazeres passageiros, mas na prática das virtudes. O hedonismo, ao contrário, coloca o prazer como o maior objetivo da existência e busca constantemente a satisfação dos desejos imediatos, ignorando a necessidade de crescimento moral e espiritual. Segundo essa visão, a felicidade baseada apenas no prazer é ilusória e leva à autodestruição, pois desvia a pessoa do que verdadeiramente a aperfeiçoa e a realiza como ser racional.

O problema do hedonismo é que ele esvazia o significado da vida, fazendo com que o indivíduo busque constantemente mais prazer sem jamais alcançar a verdadeira satisfação. Quando as pessoas vivem apenas pelo próximo momento de prazer – como no “sextou” celebrado de forma excessiva, elas acabam reféns de um ciclo de busca incessante, que nunca sacia por completo. Isso pode levar à fadiga emocional, dependências (como vícios em álcool ou drogas), e a um vazio existencial, pois o prazer sozinho não é capaz de dar sentido à vida. No fim, o hedonismo aliena a pessoa de sua própria natureza e impede que ela desenvolva suas virtudes, como a temperança, a prudência, a fortaleza e a justiça, virtudes cardeais segundo Aristóteles.

O ser humano só pode encontrar a verdadeira felicidade ao viver de acordo com a ordem natural e racional, buscando o bem comum e cultivando uma vida virtuosa. O prazer, nesse contexto, não é rejeitado, mas deve ser ordenado pela razão e pela moderação. O descanso, a diversão e as celebrações, como as que ocorrem no fim de semana, são bons e lícitos quando estão em equilíbrio com as outras responsabilidades da vida. No entanto, quando o prazer é transformado no único propósito da existência, ele se torna destrutivo e leva a pessoa para longe de seu verdadeiro propósito.

Assim, é importante redimensionar a busca pelo prazer, integrando-o em uma vida equilibrada e orientada por princípios mais elevados. A verdadeira realização humana não está no prazer momentâneo, mas na prática constante das virtudes, na contribuição para o bem dos outros e na busca pelo Sumo Bem. O "sextou", portanto, pode ser celebrado com alegria e equilíbrio, mas jamais como uma desculpa para o abandono da razão ou para a busca desordenada de prazeres que, no final, deixam apenas vazio e frustração.
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