Hertu20 on Nostr: Fenômeno da Espanha causou temporal de janeiro em Porto Alegre Entenda o que é ...
Fenômeno da Espanha causou temporal de janeiro em Porto Alegre
Entenda o que é baixa segregada, o fenômeno que causa agora o desastre na Espanha e provocou o temporal de janeiro em Porto Alegre
Devastação em Valência |
A chuva extraordinária que atingiu Valência foi efeito de um complexo cenário meteorológico envolvendo um bloqueio atmosférico. A causa maior foi o que se chama em Espanhol de DANA, o que aqui no Brasil denominamos de centro de baixa pressão em médios e altos níveis da atmosfera ou baixa segregada ou fria.
Havia uma bolha de calor no Norte da África no momento do evento extremo de chuva, contribuindo para a instabilidade extrema com a formação de nuvens carregadas sobre o Mediterrâneo que avançaram para o Sul da Espanha, acompanhando a chamada baixa segregada.
Mas o que é isso? Trata-se de uma área de baixa pressão nos níveis médios e altos da atmosfera e que na Espanha e em muitos países da América do Sul de língua espanhola é chamada de D.A.N.A (Depresión Aislada en Niveles Altos) ou depressão isolada/segregada em níveis elevados em tradução livre. Em português utiliza-se por vezes a expressão gota fria ou baixa fria, e em Inglês o termo é “cut-off low” para este tipo de baixas pressões.
Estas baixas frias ou segregadas se formam quando uma área de ar frio se separa parcial ou totalmente de uma corrente de jato, um corredor de vento intenso a dez mil metros de altitude que separa massas de ar quente e frio.
Elas se originam como uma depressão ao longo da corrente de jato e, eventualmente, se separam completamente dos ventos de Oeste da corrente. Podem se mover muito lentamente por vários dias, trazendo chuvas torrenciais para uma área. O prognóstico do tempo em torno destas baixas pressões costuma ser bastante difícil e complexo, o que rendeu nos Estados Unidos a expressão “cut-off low, weatherman’s woe”, ou “baixa segregada, aflição do meteorologista”.
A corrente de jato se forma ao longo da “fronteira” entre o ar polar frio e o ar mais quente das latitudes médias, funcionando como um corredor de vento intenso na altitude de cruzeiro dos aviões. Por isso, pilotos tentam aproveitar a corrente de jato para se mover mais rápido e gastar menos combustível em viagens de longas distâncias de Oeste para Leste.
Quando a área de baixa pressão se separa da corrente de jato, ela perde o movimento de Oeste para Leste, além do mecanismo que a direciona. Assim, ela vagueia, sem se mover muito longe ou rápido. Baixa pressão segregada pode trazer condições de tempo semelhantes para uma área por vários dias. Se o sistema de baixa pressão tiver muita umidade, pode causar dias seguidos de chuva para uma região, aumentando o risco de inundações.
Baixa segregada (que tem aspecto de ciclone na imagem de satélite) hoje na Espanha | METEOSAT
Estas baixas segregadas ocorrem nos hemisférios Norte e Sul. No hemisfério Norte, elas se formam ao Sul da corrente de jato; no hemisfério Sul, ao norte da corrente de jato. Aqui na América do Sul, comumente se formam na costa do Chile e avançam para Leste em direção ao centro da Argentina, dando origem a ciclones extratropicais. São as baixas frias que no Norte do Chile costumam provocar chuva no deserto do Atacama, deixando o local florido, especialmente no outono.
O grande temporal de janeiro deste ano com vento de 130 k/h que atingiu Porto Alegre, por exemplo, teve como uma das causas uma baixa fria segregada. A baixa fria moveu-se do Chile para o Centro da Argentina e o Uruguai, gerando tempestades severas de vento e granizo.
Baixa segregada avançou do Chile para o Centro da Argentina e o Uruguai no episódio do temporal de janeiro deste ano em Porto Alegre | METSUL/ARQUIVO
Quando estas baixas frias atuam nos meses quentes do ano no Rio Grande do Sul, além do risco de chuva forte e temporais, não raro causam trombas d´água, tornados sobre água, nas lagoas e na costa gaúcha pelo contraste entre o ar frio em altitude com a água mais quente.
Entenda o que é baixa segregada, o fenômeno que causa agora o desastre na Espanha e provocou o temporal de janeiro em Porto Alegre
Devastação em Valência |
A chuva extraordinária que atingiu Valência foi efeito de um complexo cenário meteorológico envolvendo um bloqueio atmosférico. A causa maior foi o que se chama em Espanhol de DANA, o que aqui no Brasil denominamos de centro de baixa pressão em médios e altos níveis da atmosfera ou baixa segregada ou fria.
Havia uma bolha de calor no Norte da África no momento do evento extremo de chuva, contribuindo para a instabilidade extrema com a formação de nuvens carregadas sobre o Mediterrâneo que avançaram para o Sul da Espanha, acompanhando a chamada baixa segregada.
Mas o que é isso? Trata-se de uma área de baixa pressão nos níveis médios e altos da atmosfera e que na Espanha e em muitos países da América do Sul de língua espanhola é chamada de D.A.N.A (Depresión Aislada en Niveles Altos) ou depressão isolada/segregada em níveis elevados em tradução livre. Em português utiliza-se por vezes a expressão gota fria ou baixa fria, e em Inglês o termo é “cut-off low” para este tipo de baixas pressões.
Estas baixas frias ou segregadas se formam quando uma área de ar frio se separa parcial ou totalmente de uma corrente de jato, um corredor de vento intenso a dez mil metros de altitude que separa massas de ar quente e frio.
Elas se originam como uma depressão ao longo da corrente de jato e, eventualmente, se separam completamente dos ventos de Oeste da corrente. Podem se mover muito lentamente por vários dias, trazendo chuvas torrenciais para uma área. O prognóstico do tempo em torno destas baixas pressões costuma ser bastante difícil e complexo, o que rendeu nos Estados Unidos a expressão “cut-off low, weatherman’s woe”, ou “baixa segregada, aflição do meteorologista”.
A corrente de jato se forma ao longo da “fronteira” entre o ar polar frio e o ar mais quente das latitudes médias, funcionando como um corredor de vento intenso na altitude de cruzeiro dos aviões. Por isso, pilotos tentam aproveitar a corrente de jato para se mover mais rápido e gastar menos combustível em viagens de longas distâncias de Oeste para Leste.
Quando a área de baixa pressão se separa da corrente de jato, ela perde o movimento de Oeste para Leste, além do mecanismo que a direciona. Assim, ela vagueia, sem se mover muito longe ou rápido. Baixa pressão segregada pode trazer condições de tempo semelhantes para uma área por vários dias. Se o sistema de baixa pressão tiver muita umidade, pode causar dias seguidos de chuva para uma região, aumentando o risco de inundações.
Baixa segregada (que tem aspecto de ciclone na imagem de satélite) hoje na Espanha | METEOSAT
Estas baixas segregadas ocorrem nos hemisférios Norte e Sul. No hemisfério Norte, elas se formam ao Sul da corrente de jato; no hemisfério Sul, ao norte da corrente de jato. Aqui na América do Sul, comumente se formam na costa do Chile e avançam para Leste em direção ao centro da Argentina, dando origem a ciclones extratropicais. São as baixas frias que no Norte do Chile costumam provocar chuva no deserto do Atacama, deixando o local florido, especialmente no outono.
O grande temporal de janeiro deste ano com vento de 130 k/h que atingiu Porto Alegre, por exemplo, teve como uma das causas uma baixa fria segregada. A baixa fria moveu-se do Chile para o Centro da Argentina e o Uruguai, gerando tempestades severas de vento e granizo.
Baixa segregada avançou do Chile para o Centro da Argentina e o Uruguai no episódio do temporal de janeiro deste ano em Porto Alegre | METSUL/ARQUIVO
Quando estas baixas frias atuam nos meses quentes do ano no Rio Grande do Sul, além do risco de chuva forte e temporais, não raro causam trombas d´água, tornados sobre água, nas lagoas e na costa gaúcha pelo contraste entre o ar frio em altitude com a água mais quente.