Petra Veritatis on Nostr: MEDITAÇÕES PARA EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS - 4° DIA - O estado de perfeição 1. A ...
MEDITAÇÕES PARA EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS
- 4° DIA -
O estado de perfeição
1. A vida religiosa é estado de perfeição.
O que comumente convém a muitos, atribui-se por antonomasia àquele a quem convém por excelência; assim, a virtude que consiste em conservar a firmeza da alma ante as situações mais difíceis reivindica para si o nome de fortaleza; e a virtude que tempera os maiores deleites, o de temperança. A religião é uma virtude pela qual alguém faz algo em serviço e culto de Deus; e assim se dizem religiosos por antonomasia os que se dedicam totalmente ao serviço divino, como que se oferecendo a Deus em holocausto. Por isso diz São Gregório: "Há alguns que nada reservam para si mesmos, senão que imolam ao Deus onipotente seus sentidos, sua língua, sua vida e todos os bens que receberam".¹ A perfeição do homem consiste em unir-se totalmente a Deus, e segundo isto a religião designa um estado de perfeição. Oferecer alguma coisa ao culto de Deus é de necessidade para a salvação; porém que alguém dedique suas coisas e a si mesmo totalmente ao culto divino pertence à perfeição.
E há de saber-se que não somente correspondem à religião as oblações dos sacrifícios e outras coisas análogas, próprias da religião, senão também os atos de todas as virtudes, os que, quando se referem ao serviço e honra de Deus, convertem-se em atos de religião; e em tal conceito, pela vida religiosa que levam, chamam-se religiosos os que se encontram em estado de perfeição.
E ainda que seja estado de perfeição, é também lugar aptíssimo para a penitência. Porque o estado de religião foi instituído principalmente para alcançar a perfeição por determinados exercícios, com os quais se destroem os obstáculos à caridade perfeita. Mas removidos estes impedimentos, destroem-se muito melhor as ocasiões de pecado. Por isso, pertencendo à penitência extirpar as causas dos pecados, deduz-se que o estado religioso é um lugar muito conveniente de penitência.
II. Não se requer, no entanto, que o religioso seja, de fato, perfeito. Porque a religião dá nome ao estado de perfeição pela intenção do fim. Portanto não é necessário que aquele que está na religião seja já perfeito, senão que tenda à perfeição. Pois aquele que entra em religião não professa ser perfeito, senão que professa trabalhar para adquirir a perfeição, como também aquele que entra nas escolas não declara ser sábio, senão que promete estudar para adquirir a ciência. Por conseguinte, não é transgressor da profissão o religioso se não é perfeito, senão unicamente quando não tenda à perfeição.
-S. Th. IIª IIæ, q. 186, a. 1 e 2 ad 1um
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Rodapé
¹ Super Ezech., hom xx.
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O estado de perfeição
1. A vida religiosa é estado de perfeição.
O que comumente convém a muitos, atribui-se por antonomasia àquele a quem convém por excelência; assim, a virtude que consiste em conservar a firmeza da alma ante as situações mais difíceis reivindica para si o nome de fortaleza; e a virtude que tempera os maiores deleites, o de temperança. A religião é uma virtude pela qual alguém faz algo em serviço e culto de Deus; e assim se dizem religiosos por antonomasia os que se dedicam totalmente ao serviço divino, como que se oferecendo a Deus em holocausto. Por isso diz São Gregório: "Há alguns que nada reservam para si mesmos, senão que imolam ao Deus onipotente seus sentidos, sua língua, sua vida e todos os bens que receberam".¹ A perfeição do homem consiste em unir-se totalmente a Deus, e segundo isto a religião designa um estado de perfeição. Oferecer alguma coisa ao culto de Deus é de necessidade para a salvação; porém que alguém dedique suas coisas e a si mesmo totalmente ao culto divino pertence à perfeição.
E há de saber-se que não somente correspondem à religião as oblações dos sacrifícios e outras coisas análogas, próprias da religião, senão também os atos de todas as virtudes, os que, quando se referem ao serviço e honra de Deus, convertem-se em atos de religião; e em tal conceito, pela vida religiosa que levam, chamam-se religiosos os que se encontram em estado de perfeição.
E ainda que seja estado de perfeição, é também lugar aptíssimo para a penitência. Porque o estado de religião foi instituído principalmente para alcançar a perfeição por determinados exercícios, com os quais se destroem os obstáculos à caridade perfeita. Mas removidos estes impedimentos, destroem-se muito melhor as ocasiões de pecado. Por isso, pertencendo à penitência extirpar as causas dos pecados, deduz-se que o estado religioso é um lugar muito conveniente de penitência.
II. Não se requer, no entanto, que o religioso seja, de fato, perfeito. Porque a religião dá nome ao estado de perfeição pela intenção do fim. Portanto não é necessário que aquele que está na religião seja já perfeito, senão que tenda à perfeição. Pois aquele que entra em religião não professa ser perfeito, senão que professa trabalhar para adquirir a perfeição, como também aquele que entra nas escolas não declara ser sábio, senão que promete estudar para adquirir a ciência. Por conseguinte, não é transgressor da profissão o religioso se não é perfeito, senão unicamente quando não tenda à perfeição.
-S. Th. IIª IIæ, q. 186, a. 1 e 2 ad 1um
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¹ Super Ezech., hom xx.