What is Nostr?
pollyanna
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2024-10-25 23:28:11

pollyanna on Nostr: este é o décimo quinto terceiro conto escrito em 2020. São dezoito, mas um dos ...

este é o décimo quinto terceiro conto escrito em 2020. São dezoito, mas um dos primeiros ainda não consegui compartilhar.

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Em uma estrada de terra com muitas árvores ao redor, caminhava uma menina de capuz na cabeça e lenço cobrindo o nariz e a boca. Os dois acessórios tinham cor vermelha bem viva.

A menina andava saltitante de um lado para o outro da estrada, movimentando de maneira tão despreocupada a cesta que carregava em suas mãos que não parecia levar nada muito pesado ou frágil.

Percorreu um trecho curto do seu caminho e cruzou com uma cobra grande, de espessura maior que a de seu braço. A menina parou imediatamente e ficou observando o bicho atravessar de um lado para o outro fazendo um movimento que parece o contorno da letra "s".

Quando a serpente estava chegando do outro lado, a menina suspirou aliviada e o animal, de súbito, olhou em sua direção. A menina deu dois passos para frente, estufando o peito, e olhou nos olhos do bicho que ainda estava longe. Ficaram alguns segundos assim. A cobra adentrou a mata e a menina seguiu seu caminho.

Embora a garota estivesse atenta, quando chegou perto de onde a serpente passou, sentiu uma picada e desmaiou.

Quando acordou, estava dentro de uma caverna com uma fogueira, enrolada em um cobertor. Ao seu redor muitas cobras iam de um lado para o outro. A menina tinha a impressão de estar sendo vigiada por todos os cantos.

Por um segundo pensou em fugir, mas não era possível, ela logo percebeu. Tirou o lenço que cobria seu rosto devagar e colocou-o dentro da cesta que ainda estava em suas mãos.

Quando assim o fez, ficou perplexa com a diferente fluidez da respiração sem o lenço e lembrou-se também que podia falar e até cantar. Olhou para os lados e viu que muitas cobras haviam desaparecido.

Com um número menor de cobras, a menina se sentiu mais confiante para fugir, mas a verdade é que ela começou a se acostumar com aquele ambiente.

Sentindo-se em casa e com calor, a menina tirou o cobertor que a envolvia e o capuz que estava em sua cabeça. O último colocou na cesta e algo muito curioso aconteceu: todas as cobras desapareceram.

Só restara a menina, a cesta, tudo o que estava lá dentro, a coberta e o fogo. Ela ficou alguns minutos sem fazer nada e levantou-se.

Quando o fez, a cobra com quem se encontrara da primeira vez apareceu em sua frente e começou a circular seu corpo.

Com medo, a garota se abaixou e não encontrou o cobertor. Pegou de volta apenas o capuz e o lenço. Nesse movimento deixou cair o objeto que ela guardava dentro da cesta.

A serpente, ao ouvir o barulho, olhou para o objeto e nele se viu. Desapareceu no mesmo instante.

A menina respirou fundo, se levantou sem esforço e foi caminhando para fora. Quando passou ao lado do fogo deixou cair sobre ele o lenço e o capuz.

Saindo da caverna, a menina encontrou à frente a estrada. Fechou os olhos por um segundo, como quem procura algo bem no fundo de si e, em um impulso de seu coração, cantou uma canção, dançando com suavidade em seu percurso.
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