Como a imprensa ousa criticar o STF?
Como a imprensa ousa criticar o STF?
Artigo de Rodrigo Constantino publicado em 13/01/2025 na Gazeta do Povo.
Quando se pensa na postura de certos ministros supremos, palavras como "soberba" e "arrogância" logo vêm à mente. No caso de seu presidente, então, isso salta aos olhos. Luís Roberto Barroso age como um ser "ungido", que pretende "recivilizar" toda uma nação, "empurrar a história" para fazer "justiça social".
Nosso Rousseau de Vassouras se coloca acima do bem e do mal, uma alma maravilhosa que precisa "derrotar o atraso", em que pese ter considerado o assassino Cesare Battisti um "inocente" e o abusador João de Deus alguém com "poder transcendente", sem falar de seu "debate" com o "pensador" Felipe Neto sobre tolerância.
Barroso, como fica claro, não convive bem com críticas. Afinal, como alguém ousa criticar um "iluminado" que está se esforçando tanto para "salvar a democracia" de um país mergulhado na barbárie? Em sua missão refundadora, Barroso enfrenta todo tipo de obstáculo, incluindo colegas do STF com "pitadas de psicopatia", que depois ele é magnânimo a ponto de perdoar e até virar amiguinho.
Pois bem: Barroso resolveu publicar um texto no Estadão hoje criticando o próprio jornal tucano por suas críticas ao STF. E olha que o Estadão peca pela bipolaridade típica do Dr. Jackyll e Mr. Hyde: sempre dá uma no cravo e outra na ferradura. Critica pontualmente os "excessos" do Supremo, mas admite a premissa falsa de que a instituição luta contra terríveis ameaças à democracia vindo da "extrema direita".
O subtítulo do texto de opinião "imposto" ao jornal já diz tudo: "É possível não gostar da Constituição e do papel que ela reservou para o Supremo. Mas criticar o tribunal por aplicar a Constituição é que não é justo". Mas vejam só que coisa! A premissa em si que é questionada, para dizer o mínimo, é justamente a de que o STF atual vem agindo para "aplicar a Constituição", uma vez que é facílimo demonstrar as inúmeras ocasiões em que os ministros rasgaram nossa Carta Magna.
Logo no primeiro parágrafo, o ministro inverte tudo: "O Brasil é o país que ostenta o maior grau de judicialização do mundo, o que revela a confiança que a população tem na Justiça. Do contrário, não recorreria a ela". O Poder Judiciário virou justamente um "tapetão" para a esquerda derrotada nas urnas. Os petistas judicializam tudo justamente porque não contam com apoio popular. E os ministros supremos acatam, pois tampouco gostam do povo. "Nós derrotamos o bolsonarismo", confessou Barroso, admitindo o crime de partidarismo político.
"Somos o tribunal mais transparente do mundo. Desagradar segmentos importantes faz parte do trabalho de bem interpretar a Constituição", escreve Barroso talvez sem ruborizar. O tribunal "mais transparente do mundo" adota a censura contra jornalistas que incomodam, solta bandidos enquanto prende donas de casa, e fez de tudo para prejudicar o governo Bolsonaro, enquanto ajudou a colocar o ladrão de volta à cena do crime, como diria seu vice.
O STF, segundo seu presidente Barroso, faz de tudo para trazer estabilidade institucional e avanços para "minorias". E faz isso com total respeito ao contraditório: "Com plena liberdade de expressão, inclusive para críticas injustas. Sinal de que, mesmo sendo impossível agradar a todos, temos cumprido bem o nosso papel". É quase um pito público ao Estadão, dizendo: "Nós somos tão legais que ainda permitimos seus editoriais críticos, que poderíamos censurar!"
O jurista Andre Marsiglia resumiu bem a coisa: "Lamentável o artigo que Barroso fez publicar no Estadão, dando bronca, dizendo que o STF é injustiçado nos editoriais. Em um país democrático, o ministro ficaria quieto ou agradeceria às críticas. Impressiona que não enxergue seu papel, só enxergue sua própria vaidade".
Pois é, eis como muitos devem se sentir ao ler o texto do Barroso: é como se o bandido que acabou de roubar seu celular exigisse seu agradecimento por ao menos ele não ter tirado sua vida!
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/luis-roberto-barroso-como-a-imprensa-ousa-criticar-o-stf/
Artigo de Rodrigo Constantino publicado em 13/01/2025 na Gazeta do Povo.
Quando se pensa na postura de certos ministros supremos, palavras como "soberba" e "arrogância" logo vêm à mente. No caso de seu presidente, então, isso salta aos olhos. Luís Roberto Barroso age como um ser "ungido", que pretende "recivilizar" toda uma nação, "empurrar a história" para fazer "justiça social".
Nosso Rousseau de Vassouras se coloca acima do bem e do mal, uma alma maravilhosa que precisa "derrotar o atraso", em que pese ter considerado o assassino Cesare Battisti um "inocente" e o abusador João de Deus alguém com "poder transcendente", sem falar de seu "debate" com o "pensador" Felipe Neto sobre tolerância.
Barroso, como fica claro, não convive bem com críticas. Afinal, como alguém ousa criticar um "iluminado" que está se esforçando tanto para "salvar a democracia" de um país mergulhado na barbárie? Em sua missão refundadora, Barroso enfrenta todo tipo de obstáculo, incluindo colegas do STF com "pitadas de psicopatia", que depois ele é magnânimo a ponto de perdoar e até virar amiguinho.
Pois bem: Barroso resolveu publicar um texto no Estadão hoje criticando o próprio jornal tucano por suas críticas ao STF. E olha que o Estadão peca pela bipolaridade típica do Dr. Jackyll e Mr. Hyde: sempre dá uma no cravo e outra na ferradura. Critica pontualmente os "excessos" do Supremo, mas admite a premissa falsa de que a instituição luta contra terríveis ameaças à democracia vindo da "extrema direita".
O subtítulo do texto de opinião "imposto" ao jornal já diz tudo: "É possível não gostar da Constituição e do papel que ela reservou para o Supremo. Mas criticar o tribunal por aplicar a Constituição é que não é justo". Mas vejam só que coisa! A premissa em si que é questionada, para dizer o mínimo, é justamente a de que o STF atual vem agindo para "aplicar a Constituição", uma vez que é facílimo demonstrar as inúmeras ocasiões em que os ministros rasgaram nossa Carta Magna.
Logo no primeiro parágrafo, o ministro inverte tudo: "O Brasil é o país que ostenta o maior grau de judicialização do mundo, o que revela a confiança que a população tem na Justiça. Do contrário, não recorreria a ela". O Poder Judiciário virou justamente um "tapetão" para a esquerda derrotada nas urnas. Os petistas judicializam tudo justamente porque não contam com apoio popular. E os ministros supremos acatam, pois tampouco gostam do povo. "Nós derrotamos o bolsonarismo", confessou Barroso, admitindo o crime de partidarismo político.
"Somos o tribunal mais transparente do mundo. Desagradar segmentos importantes faz parte do trabalho de bem interpretar a Constituição", escreve Barroso talvez sem ruborizar. O tribunal "mais transparente do mundo" adota a censura contra jornalistas que incomodam, solta bandidos enquanto prende donas de casa, e fez de tudo para prejudicar o governo Bolsonaro, enquanto ajudou a colocar o ladrão de volta à cena do crime, como diria seu vice.
O STF, segundo seu presidente Barroso, faz de tudo para trazer estabilidade institucional e avanços para "minorias". E faz isso com total respeito ao contraditório: "Com plena liberdade de expressão, inclusive para críticas injustas. Sinal de que, mesmo sendo impossível agradar a todos, temos cumprido bem o nosso papel". É quase um pito público ao Estadão, dizendo: "Nós somos tão legais que ainda permitimos seus editoriais críticos, que poderíamos censurar!"
O jurista Andre Marsiglia resumiu bem a coisa: "Lamentável o artigo que Barroso fez publicar no Estadão, dando bronca, dizendo que o STF é injustiçado nos editoriais. Em um país democrático, o ministro ficaria quieto ou agradeceria às críticas. Impressiona que não enxergue seu papel, só enxergue sua própria vaidade".
Pois é, eis como muitos devem se sentir ao ler o texto do Barroso: é como se o bandido que acabou de roubar seu celular exigisse seu agradecimento por ao menos ele não ter tirado sua vida!
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/luis-roberto-barroso-como-a-imprensa-ousa-criticar-o-stf/